Aproveitar a energia do sol para cocção de alimentos é bem simples. Existem diversos modelos de fornos solares simples de fácil construção e largamente divulgados incluindo passo-a-passo da montagem e dicas de uso!
Já, construir um forno solar que leve em conta todos os aspectos do cozimento solar, aliados a praticidade e durabilidade que um utensílio doméstico exige, não é tão simples assim. Complica ainda mais se ansiamos comercializar seus produtos. Que é o meu caso.
Os aspectos do cozimento solar começam na fonte de energia, mesmo sendo pai das comumente usadas como lenha, petróleo, hidroelétricas entre outras, tem seu uso pouco difundido em sua forma direta, o Sol. Um dos grandes motivos desta energia ser renegada é a sua instabilidade, que tem sua expressão mais forte ao longo do dia, conforme a Terra gira em seu próprio eixo o Sol caminha no céu proporcionando uma média de 5 horas de cozimento solar por dia, mas as variações não param por ai, a Terra oscila enquanto percorre sua orbita em torno do Astro-Rei, criando as estações. As principais características das estações são os períodos de luz, marcados pelos solstícios e equinócios e a altura do Astro no céu. Começa a aparecer a sazonalidade, ou seja a variação da disponibilidade de energia, quanto maior o período de luz e mais alto o Astro se encontra melhor para o forno solar, características estas encontradas no verão. Mas não é tão simples assim, junto com o verão chega outro fator de sazonalidade, este menos previsível, a nebulosidade (baseado no clima de Piracicaba-SP). Um forno solar pode funcionar entre as nuvens desde que aja uma trégua de ao menos 20 min de pleno sol a cada hora. Esta regra vale para a maioria dos alimentos como arroz, legumes e alguns biscoitos, já para um pão ou bolo, com o risco de “embatumar”, não vale ariscar nestes dias.
Certo, o hidrogênio se funde libera uma energia tremenda que viaja por 8 minutos até ser interceptada pelo seu quintal, até 1000 W/m² por minuto. Mas como usar esta energia para cozinhar?
Primeiro precisamos esquecer alguns preconceitos! A água não precisa ferver para pasteurizar, bastam 20 min acima de 60°C! A comida não vai azedar no sol, o forno solar logo alcança a temperatura de 71°C suficiente para pasteurização do alimento.
E ter claro algumas coisas, o cozimento solar é bem diferente do que estamos acostumados, temos de obedecer a disponibilidade da energia e acompanhar o trajeto do Astro. As refeições tem aspecto e textura levemente diferente do convencional, nada que prejudique no paladar, pelo contrário, por serem cozidos no próprio vapor e com temperaturas mais brandas os alimentos ficam muito mais aromáticos e saborosos. O tempo de cocção também é diferente, geralmente o dobro do tempo do cozimento com combustão, mas a preocupação com o alimento que está no forno é menor, pois são poucas comidas que podem queimar em um forno solar e as estratégias são inúmeras para o forno solar atuar praticamente sozinho.
Continua…